Quando
falamos em produtividade e lucratividade de um rebanho, um dos temas
que se destaca, mas que muitas vezes é deixado de lado pelos pecuaristas
é a Reposição de Fêmeas, menos fêmeas parindo resulta em um número
menor de crias. Também nem sempre se dão a devida importância para o
diferencial causado pela entrada de uma boa fêmea no rebanho.
Existem duas situações distintas:
Em rebanhos de seleção, cujos produtos possuem um maior valor agregado,
machos e fêmeas são destinados à reprodução. Nascem os touros que serão
usados como repasse tanto em rebanhos puros quanto em rebanhos
comerciais.
Em rebanhos comerciais, o bezerro é o produto inicial e boi gordo o
produto final, transformado na carne que vai estar na gôndola do açougue
ou do supermercado.
Em ambos os casos é evidente a necessidade de boas matrizes para a
produção de uma boa cria, o que certamente merece uma atenção especial
em toda propriedade de cria, seja ela em rebanho de seleção ou
comercial.
A Estação de Monta começou, sem dúvida é uma ótima oportunidade para se
fazer um planejamento voltado para a produção de fêmeas zebuínas,
produto raro hoje em dia tanto em quantidade como em qualidade.
Não podemos nos esquecer de que mesmo para quem procura a heteroze
máxima que é a F1, produto muito apreciado pelo mercado, precisa-se
também de fêmeas zebuínas de qualidade para se alcançar bons resultados.
Como saber quando uma fêmea deve ser descartada?
Todo criador que tem visão progressista, que faz conta, já descarta
automaticamente entre outras, aquelas fêmeas que não ficaram prenhas na
última estação, as que não produziram leite suficiente para nutrir suas
crias, as que desmamaram bezerros 20% abaixo do peso médio em relação ao
peso dos seus conteporâneos e as que estão em idade avançada, a partir
de 10 anos.
Em média, este descarte automático que fica entre 15 e 20% das fêmeas do
rebanho, vai gerar um benefício financeiro anual para a propriedade.
Ultimamente este índice tem aumentado muito em relação às fêmeas jovens,
as novilhas, abatidas em grande número não por descarte, mas para a
produção de carne especificamente. Também muitas fêmeas têm sido
abatidas devido à venda/arrendamento da propriedade para outra atividade
agropecuária.
Menos fêmeas parindo resultam em número menor de bezerros. Menos
bezerros, menor a lucratividade/ha e maior o custo de reposição por quem
recria e engorda.
É o que vem acontecendo nos últimos anos, com um índice perto dos 47%,
que certamente afetou a produção de bezerros e que pode continuar
influenciando no futuro, sejam eles zebuinos puros ou fruto de
cruzamento industrial.
Mato Grosso, estado que possui o maior rebanho do país, já identificou
isso e o abate de fêmeas em 2.013 diminuiu de 54% em janeiro para 34%
agora no inicio de Dezembro.
Particularmente me preocupo não só quanto ao número de fêmeas para o
futuro, mas também quanto a qualidade destas fêmeas. Isto porque a IATF,
uma realidade muito forte hoje em dia, está fazendo em sua maioria a 1ª
prenhez com taurinos, ou seja, a que contempla as melhores fêmeas em
precocidade e, portanto de maior qualidade no rebanho, ficando a 2ª
prenhez para o repasse em grande parte com touros zebuínos, muitas vezes
boi de boiada, o que certamente provoca uma qualidade não desejada
tanto para os bezerros, futuros bois de corte, quanto para as bezerras
que serão para reposição e futuras matrizes dos rebanhos.
Considero que a preocupação com a reposição de fêmeas de boa qualidade
deve começar já quando acontece a tomada de decisão sobre qual o touro
será usado para emprenhar a matriz. Consequentemente, decide-se sobre
quem será o pai do bezerro que o mercado quer e da bezerra que será
importante para a reposição de fêmeas no rebanho do criador ou de
terceiros.
Touros que transmitam para sua progênie características fortes para produção de fêmeas:
Habilidade Materna: Alimentam bem seus bezerros, o que permite a desmama de bezerros de qualidade;
Stayability: Probabilidade da fêmea parir mais cedo = Precocidade da Fêmea;
D3P: Probabilidade de Parto Precoce.
Fonte: Alta Genetics Autores: Marcos Labury Gonçalves Técnico de Corte mlabury@altagenetics.com e Ana Flávia Firmino Mariano Analista de Comunicação ana.mariano@altagenetics.com