Para abastecer o cocho dos animais, enquanto o pasto está seco, os
pecuaristas do Estado do Tocantins utilizam o consórcio entre capim e
milheto. A prática ainda promove a recuperação da pastagem e foi
mostrada no quadro
Rebanho Gordo, desta semana.
Há 25 anos morando no Tocantins, o gaúcho Clóvis Carúcio aprendeu que
com a estiagem da região não se brinca. Estocar alimento para servir ao
gado no período da seca é fundamental, principalmente para os animais
de cria.
– Todas as categorias precisam de um bom suporte, mas falando na
cria, você imagina uma vaca que está com um bezerro ao lado, um na
barriga e ainda tem que se manter numa seca do Tocantins, onde fica de
quatro a seis meses sem chover – conta Carúcio.
A silagem usada na fazenda vem da mistura de duas culturas: o capim
mombaça e o milheto, gramínea rústica, originária da África, que
apresenta alto valor nutritivo, com proteína bruta entre 8% e 10%.
Para que dê certo, sem prejuízo para nenhuma das duas culturas, é
preciso escolher variedades que tenham comportamentos parecidos. O
mombaça e o milheto foram plantados no mesmo dia e chegaram juntos ao
ponto de colheita. Outro cuidado é balancear a quantidade de semente das
duas culturas para determinar a produtividade de massa por área. Na
fazenda de Carúcio, tem em torno de 70% de capim e 30% de grão e a
expectativa é colher aproximadamente 15 toneladas de silagem por
hectare.
Além da produção da silagem, a mistura de capim e milheto vai deixar
na fazenda um outro benefício. A recuperação da pastagem que estava
degradada. Isso irá ajudar a diluir o investimento de R$ 2 mil por
hectare para a produção do alimento.
– No primeiro ano ela não vai sair mais barata, mas ela vai deixar a
pastagem formada, então eu vou diluir em três, quatro anos essa
pastagem, ou até mais – explica o pecuarista.
A silagem colhida no campo é armazenada em silos de superfície,
próximos à sede da fazenda. O tamanho das partículas é de
aproximadamente 12 milímetros, o que garante uma boa compactação do
alimento. Segundo o médico veterinário Marcelo Dominici, especialista em
nutrição animal, o corte bem feito ajuda também a aumentar o
aproveitamento dos valores nutricionais do milheto, pelo animais.
– O milheto tem um aproveitamento em torno de 60%, 70% no meio dessa
silagem. O grão do milheto tem uma parede dura e espessa de lignina.
Quando ele for seco, para ter um bom aproveitamento no animal, a gente
tem que triturá-lo para quebrar essa parede – orienta o veterinário.
O
sistema de integração dentro da fazenda garante ganhos nutricionais
para o rebanho, ambientais para a propriedade e econômicos para a
família.
– Teremos lavoura, pecuária e possivelmente lavoura, pecuária e
silvicultura. Nós podemos chegar na pecuária com os mesmos índices de
ganhos que dá a agricultura, ou consorciando as duas para baratear o
custo de formação de pastagem e aproveitar melhor a área – comemora o
produtor.