Armazenar alimento para o período da seca, quando a oferta de
pastagem diminui, é fundamental para manter a qualidade da nutrição dos
animais e a silagem de milho é a alternativa mais usada pelos
produtores. O quadro Rebanho Gordo desta semana fala, no Jornal da Pecuária, sobre os principais cuidados na hora de produzir esse alimento.
No cerrado mineiro, no município de Nova Ponte (MG), tem uma fazenda
que merece ser conhecida. O que se vê por lá é o resultado de 34 anos de
trabalho de Odair Cenci, um gaúcho que veio para Minas Gerais produzir
grãos e leite.
Nas duas propriedades da família são produzidos 11 mil litros de
leite por dia. Para ter uma produção eficiente e sustentável, a família
investiu mais de R$ 2 milhões na estrutura de free stall e em um sistema
de tratamento e reaproveitamento do resíduo do confinamento das vacas. O
sólido vira adubo para as lavouras e o líquido vai para o biodigestor
onde será gerada energia pra movimentar a ordenha e os climatizadores.
• Qualidade da água é fator fundamental para o desempenho do rebanho
• Qualidade da água é fator fundamental para o desempenho do rebanho
Somente conforto térmico não faz as vacas produzirem tanto leite.
Para isso, elas precisam, principalmente, de comida e é das lavouras da
fazenda que sai grande parte do alimento do gado. A forrageira escolhida
para servir como fonte de energia e de fibra é o milho, a mais
tradicional das culturas utilizadas como silagem no Brasil. Isso porque
apresenta boa fermentação, alto teor de matéria seca e é bem aceita
pelos animais.
O plantio da lavoura de milho para silagem requer todos os cuidados
que se tem com a plantação para produção de grãos. Precisa de análise de
solo, correção, adubação, boa densidade de plantas por hectare, espigas
cheias e volume de massa verde. Os técnicos recomendam que o milho para
silagem seja plantado também na safra de verão, com o período chuvoso e
com mais luminosidade. Mas muitos pecuaristas preferem trabalhar na
safrinha, para fugir da chuva no momento de ensilar a comida. Odinei
Cenci, filho do Odair, garante que mesmo fora da época recomendada, o
rendimento da lavoura deles está sendo muito acima da média.
– Estamos aqui com uma média de 70 toneladas por hectare. Nós fizemos
silagem de 125 hectares nessa propriedade, esse ano. Vai dar mais ou
menos 8 mil toneladas de silagem – conta Odinei.
Com a parte agronômica bem conduzida, a colheita acontece, em média,
100 dias depois do plantio. A partir desse momento, a qualidade da
silagem vai depender de acertos em mínimos detalhes. A colheita tem que
acontecer no momento certo do grão, no caso do milho deve ter entre 33% e
37% de matéria seca, o que garante uma boa fermentação e alto teor de
energia no alimento.
Segundo o médico veterinário Paulo Rodrigues, consultor em nutrição
animal, o grão está no ponto certo para ser colhido quando a parte
leitosa, que é a área mais branca, corresponde a aproximadamente um
terço do total e estiver um pouco mais duro que o chamado ponto de
pamonha. A janela de colheita é bem estreita, em torno de sete dias.
Grãos muito moles têm menor valor nutritivo e aumentam o risco de
apodrecimento do material. Por outro lado, grãos muito duros não ficam
bem compactados, gerando uma silagem escura e pobre em nutrientes.
O tamanho do corte das partículas é outro detalhe importante a ser
observado, porque pode interferir na compactação e na absorção dos
nutrientes pelos animais. O recomendado, segundo o médico veterinário, é
cortar as partículas com aproximadamente 12 milímetros, em pedaços
uniformes. Esse tamanho pode variar um pouco de acordo com a estratégia
da fazenda.
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