O crescimento animal envolve interações entre fatores hormonais,
nutricionais, genéticos e de metabolismo. Caracteriza-se como o aumento
da massa dos tecidos do corpo, seja pela produção e multiplicação de
novas células, o que defina a hiperplasia, ou pelo aumento do tamanho
das células existentes (hipertrofia) (OWENS et al., 1993). O
conhecimento da curva de crescimento de bovinos de corte é de extrema
importância, pois fornece informações para o estabelecimento de
estratégias de manejo, contribuindo para a tomada de decisão sobre a
adoção de determinada tecnologia.
Um dos fatores mais importantes para determinação do peso de abate é a
eficiência de ganho de peso nas várias fases da curva de crescimento.
Diversos fatores alteram a eficiência do crescimento de bovinos, como o
peso, idade, nutrição, genética (raça e tamanho corporal), sexo e
utilização de hormônios exógenos. Os fatores citados afetam a eficiência
de crescimento de animais de corte através de duas características
básicas: taxa de ganho e composição química dos tecidos depositados
(gordura e proteína). Quanto maior a taxa de ganho, maior a eficiência
de conversão em função da diluição das exigências de manutenção, que são
relativamente constantes (LANNA, 1996).
A Figura 6 mostra o crescimento em função da idade do animal.
Verifica-se que o crescimento inicia por ocasião da concepção (a) e
segue até maturidade do animal (d). O peso acumulado do animal em
relação a sua idade segue uma curva sigmóide; esta curva é composta por
uma fase pré-puberdade de auto-aceleração e de outra pós-puberdade de
auto-inibição. Adequar a disponibilidade de nutrientes às exigências do
animal durante estas duas fases constitui-se num dos maiores desafios
para os sistemas de produção de bovinos de corte.
Destacam-se dois pontos importantes da curva. Primeiro a puberdade
(c), também chamado de ponto de inflexão, onde o crescimento passa da
fase de auto-aceleração para auto-inibição. A partir deste ponto,
ocorrem importantes alterações na deposição dos tecidos da carcaça e na
eficiência alimentar. Já a maturidade (d) ou peso adulto é o ponto no
qual cessa o crescimento muscular e ósseo e o ganho de peso passa a ser
composto exclusivamente de gordura.
O peso adulto é positivamente associado com o peso no qual a fase de
acúmulo de gordura é iniciada. Como resultado, o bovino com potencial
maior de tamanho à maturidade (raças taurinas, por exemplo), normalmente
cresce mais rápido e começa a acumular gordura com peso mais elevado,
em relação a seus contemporâneos de tamanho menor.
O crescimento dos tecidos ósseo, muscular e adiposo (constituintes da
carcaça) ocorre de maneira seqüencial e definida. Da concepção à
puberdade, o crescimento é acelerado e rápido, à custa do
desenvolvimento de ossos e músculos. Por ocasião da puberdade, aumenta a
deposição de gordura.
Durante o crescimento, o indivíduo experimenta aumento de massa e
alteração da forma corporal, em intensidade dependente das prioridades
de desenvolvimento dos tecidos, na seguinte ordem: nervoso, ósseo,
muscular e adiposo.
Como pode ser observado na Figura – 7, o crescimento ósseo pós-natal é
pequeno, apresentando desenvolvimento mais precoce, mantendo-se
constante praticamente durante a vida toda do animal. O tecido muscular
tem seu maior desenvolvimento após o nascimento, sendo mais tardio em
relação aos ossos, predominando até atingir a maturidade, sendo o
principal constituinte do ganho de peso. O tecido adiposo é o último a
se depositar, tendo seu crescimento de maneira mais acentuada após a
puberdade, quando o crescimento muscular começa a diminuir (MANELLA e
BOIN, 2002). A partir deste ponto, a maior parte dos alimentos
fornecidos ao animal será convertida em gordura.
* Esta dica é um trecho do primeiro módulo do curso Produção de Gado de Corte conceitos técnicos e econômicos, que é instruído pelo zootecnista e consultor em nutrição e produção de bovinos de corte, formulação de dietas e suplementos, Dr. Rafael da Costa Cervieri.
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