Alguns dos maiores frigoríficos brasileiros colocaram em marcha programas para ajudar clientes de pequenos porte
abalados pela pandemia. Somando as iniciativas anunciadas por Marfrig e Minerva Foods, os clientes poderão
acessar R$ 80 milhões para capital de giro. BRF e Aurora também fazem parte de um grupo de grandes
companhias de consumo – que inclui gigantes como Coca-Cola, Nestlé, Mondelez, Pepsico, Ambev e Heineken –
que prevê investir R$ 370 milhões para ajudar na retomada.
Anunciado em maio, o fundo de alívio criado pela Minerva deu início, nesta semana, aos desembolsos relevantes,
afirmou o diretor financeiro da empresa, Edison Ticle.
Com o apoio do BTG Pactual, a Minerva criou um Fundo de Investimentos em Direito Creditório (FDIC) pelo qual
emprestará cerca de R$ 30 milhões aos clientes – especialmente para pequeno varejo.
A Minerva emprestará os recursos com um ano de carência e juros abaixo do mercado, afirmou Ticle. Cada cliente
poderá tomar até R$ 30 mil. Os recursos podem ser usados para diversos fins. Não é necessário comprar produtos
da companhia para tomar o empréstimo.
De uma base de mais de 50 mil clientes, a Minerva selecionou 1,2 mil que poderão acessar a linha de crédito.
“Escolhemos os que têm relacionamento bom e duradouro e que, por causa da pandemia, estão tendo problema..
Há clientes com histórico de compras de mais de dez anos”, disse Ticle, acrescentando que a frequência das
compras foi um dos critérios usados para seleção.
No caso da Marfrig, o programa terá foco no food service (restaurantes e churrascarias), segmento que representa
entre 15% e 20% das vendas da empresa no Brasil. A intenção é atender 5 mil clientes com faturamento na casa
de R$ 5 mil por mês, afirmou ao Valor Marcelo Proença, diretor de food service da Marfrig.
O apoio da companhia, que alcançará R$ 50 milhões, se dará com a extensão do prazo de pagamento e o
aumento do limite de compras dos clientes. Antes da pandemia, esse perfil de cliente pagava a empresa com dez a
14 dias de prazo. A Marfrig poderá dobrar esse período.
Segundo Proença, cada cliente que acessar o programa pode se beneficiar da extensão de prazo e limite por três
meses. Batizada de #TMJ (em alusão ao bordão “Tamo Junto”), ficará em vigor até dezembro. “O programa está
disponível para a base de clientes regulares”, afirmou.
O programa da Marfrig foi lançado na semana passada, acompanhando a reabertura de bares e restaurantes em
São Paulo, onde estão concentrados os clientes de food service do grupo.
Na avaliação de Proença, os pequenos clientes do food service foram os mais atingidos pela pandemia. “Tiveram
uma retração de vendas de 65% a 75%”, disse o executivo.
Dona de algumas das marcas mais famosas e presentes nos lares brasileiros, como Sadia e Perdigão, a BRF se
juntou a outras sete grandes companhias no Movimento Nós, uma iniciativa que entrou em vigor no mês passado e
prevê apoiar 300 mil pontos de venda, afirmou o vice-presidente de mercado Brasil da BRF, Sidney Manzaro.
De acordo com o executivo, o grupo de empresas investirá R$ 370 milhões no projeto, o que inclui a distribuição de
150 mil kits de segurança (com álcool em gel, máscaras e luvas) e também apoio para o capital de giro, com
descontos comerciais e mais prazo de pagamento. “É um movimento que se tornou a principal alavanca de
ativação do mercado. Imagina um pequeno varejo, ter essa ajuda das oito empresas”, ressaltou Manzaro.
O vice-presidente da BRF também salientou a preocupação do Movimento Nós com a segurança. O programa
entra em vigor gradualmente, e por Estado. “Tem que ter estabilidade de três semanas. Não iremos entrar num
programa de fomento da retomada enquanto o governo não liberar o comércio”, explicou. A ideia é apoiar as
pontos de venda só após a região ou Estado completar três semanas reaberto sem um aumento descontrolado da
covid-19.
Na JBS, dona das marcas Friboi e Seara, não há um programa específico de apoio aos pequenos clientes, mas a
companhia informou que “tem intensificado medidas de apoio e estudado todas as ações necessárias, incluindo
renegociação de prazo de pagamentos”. Apenas no food service, a empresa atende 38 mil clientes no Brasil. Com
informações do Valor.
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