De acordo com o presidente da Associação Brasileira da Indústria Exportadora de Carnes (Abiec),
Antônio Camardelli, nosso país deve parar de produzir boi para produzir carne. “Hoje o Brasil exporta
carne ingrediente – coadjuvante – apesar de ter todos os requisitos para exportar carne gourmet –
protagonista”, disse, durante o primeiro dia de palestras da Exposição das Tecnologias Voltadas ao
Desenvolvimento da Pecuária (ExpoPec).
O evento, realização pela Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), em parceria com o
Serviço Nacional de Aprendizagem Rural em Goiás (Senar Goiás), o Sindicato Rural (SR) de Porangatu e
o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), segue até domingo (3).
Segundo ele, assim como acontece com qualquer produto, os consumidores – no caso, países
importadores – da carne brasileira têm suas exigências na hora de fechar negócio com os frigoríficos.
“Qualquer alimento deve ter valor agregado, saudabilidade e bemestar, conveniência e praticidade,
qualidade e confiabilidade, sustentabilidade e ética”, ressaltou. Segundo Camardelli, produtores de outros
países, como Austrália, já se atentaram a isso e têm sua carne reconhecida e com preço diferenciado no
Brasil. “Estamos caminhando para este patamar também. Apesar de estar tarde, ainda se tem espaço para
estrarmos no mercado”, continuou.
Segundo dados da Abiec, o Brasil exporta cerca de 929 mil toneladas de carne para a Rússia, 417 mil
para a China e 371 mil para a União Europeia. Apesar de números expressivos, Carmardelli afirmou que
há um trabalho maciço de recuperação de mercados há muito embargados ou resistentes à carne
brasileira, como os Estados Unidos e a Arábia Saudita.
Além disso, pecuaristas brasileiros, segundo o presidente da sigla, têm prejuízo devido a alguns entraves
de sanidade exigidos pela maioria dos países para os quais exportam, como a Rússia e a China.
“Algumas das exigências demandam custo grande e, caso a carne não seja aprovada, o prejuízo é
enorme”, apontou.
Devido à falta de técnicas sanitárias, continuou ele, muitas mil toneladas de carne são desqualificadas.
“Houve o caso de 99 mil fígados que foram descartados por Fascíola hepática, além de muitos casos de
cisticercose da carne bovina”, afirmou. Este, para ele, é um grande gargalo que começa no produtor e
chega à indústria, que pode ser resolvido com mais atenção e medidas simples, como separação de
espaços entre gado e seres humanos e limpeza dos locais de criação. Com informações da Faeg
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