O Tribunal de Contas da União (TCU) determinou a paralisação imediata do programa de reforma agrária
do Incra em todo o País. Estão suspensos novos processos de seleção de beneficiários de lotes, bem
como de pessoas que já tenham sido selecionadas pelo programa. A medida cautelar emitida pelo
tribunal decorre de uma auditoria que identificou mais de 578 mil beneficiários irregulares do programa do
governo federal.
São dezenas de problemas de extrema gravidade identificados pela corte de contas, entre eles a relação
de 1.017 políticos que, criminosamente, receberam lotes do programa. A relação inclui 847 vereadores,
96 deputados estaduais, 69 viceprefeitos, quatro prefeitos e um senador. O TCU não divulgou a lista
desses políticos beneficiados.
A auditoria revela centenas de casos grotescos, como a concessão de lotes para pessoas de alto poder
aquisitivo, donas de veículos de luxo como Porche, Land Rover ou Volvo. Há 37 mil pessoas falecidas
cadastradas como beneficiárias do programa.
As irregularidades atingem praticamente 30% de toda a base de beneficiários do programa, que é da
ordem de 1,5 milhão de famílias. Em 11 mil casos, o cônjuge de uma pessoa que já foi contemplada com
um imóvel pelo programa é novamente atendido com uma segunda moradia. A precariedade do
programa é tanta que há pessoas com idade de um ou dois anos de idade que também receberam
imóveis.
Milhares de beneficiários pelo programa possuem diversos cargos públicos, o que é proibido por lei.
Foram encontrados ainda 61 mil empresários beneficiados pelo Incra. Outros 213 processos aprovados
beneficiam estrangeiros.
Para medir a quantidade de concessão de lotes para pessoas de alto poder aquisitivo, o TCU adotou
como critério a oferta de lotes para pessoas que tenham carros com valor superior a R$ 70 mil. Foram
identificados 4.293 proprietários nessa condição, todos eles donos de carros de luxo.
Os achados de auditoria já levam em conta explicações dadas pelo próprio órgão federal aos auditores
da corte de contas. O ministro relator do processo Augusto Shermann criticou duramente o programa e
relembrou que o Incra tem descumprido há anos determinações já feitas pelo TCU em relação à
concessão dos benefícios. “É um processo que está sendo feito totalmente à margem da lei”, disse o
ministro.
O colegiado do TCU foi unânime nas críticas ao programa e na necessidade de completa reestruturação
do Incra e de seu trabalho. Em janeiro, a ControladoriaGeral da União (CGU) já havia demonstrado
problemas graves do programa.
O tribunal determinou ao Incra que apresente medidas para resolver cada um dos problemas identificados
e que submeta essas ações para, após análise do TCU, seguir com as medidas. Com informações do
portal Estadão.
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