A cotação da arroba do boi gordo deve aumentar 6% até o final deste ano, valorização aquém das expectativas de
analistas e resultado da maior oferta de animais que atrasou o começo da entressafra.
“Esperávamos que os preços futuros para novembro seriam superiores a R$ 150 a arroba, agora, a projeção é de
R$ 147 a R$ 150”, diz a diretora da consultoria Agriffato, Lygia Pimentel. A maior oferta de animais para abate é
resultado da retenção de matrizes, que começou no final de 2013 e se estendeu até 2017.
A cotação da arroba na BM&FBovespa para outubro está em R$ 148,3 ante os atuais R$ 142,50 registrados pelo
indicador do Cepea, que representa a média do mercado. “É um ganho bom, mas menor do que os 9% a 10%
esperados”, diz o diretor da NF2R Assessoria Agropecuária, Rodrigo Albuquerque.
No acumulado do ano, a perspectiva é de um crescimento de 3,85% no preço médio em relação ao ano passado,
diz o analista. “A cotação começou o ano com 8% de alta e teve o potencial de recuperação reduzido ao longo do
ano, acompanhando as perspectivas de crescimento econômico do País”, explica. Nesse cenário, segundo ele, o
que vai garantir ao pecuarista uma margem positiva é a gestão do negócio.
“Esse é um começo de entressafra atípico”, diz o gerente executivo de business inteligence do Minerva, Leonardo
Alencar, referindo-se às escalas mais alongadas e à oferta incomum para o mês de julho. “Os preços já deveriam
estar subindo, mas estão de lado.”
No primeiro semestre do ano, a demanda por carne bovina foi prejudicada pelo excedente de oferta de suínos e
aves, em função de restrições da exportação, o que reduziu os preços dessas proteínas. A greve dos
caminhoneiros, em junho, causou prejuízos aos produtores e mudou esse cenário. “A paralisação acelerou o
processo de redução da produção de aves e suínos que vinha acontecendo”, diz Alencar.
Ele destaca que a carne bovina encontra no segundo semestre uma situação mais confortável que no primeiro. “O
consumo começa a melhorar, por questões sazonais, em um cenário em que as proteínas concorrentes estão mais
caras do que estavam no primeiro semestre, amenizando a concorrência com a carne bovina”, salienta o gerente
executivo do Minerva. Tanto Alencar quanto Lygia destacam que, historicamente, a demanda em ano de eleições
cresce.
Frigoríficos
Se para os pecuaristas o cenário exige cautela, para os frigoríficos está mais confortável. A valorização do dólar
tem impulsionado as exportações, compensando a demanda pouco aquecida no mercado interno. “Nesse cenário,
os frigoríficos estão exportando o máximo possível”, afirma Alencar, salientando que há dúvidas sobre os dados de
exportação da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), cujo sistema passou por alterações. O Minerva exporta em
torno de 70% da produção e concentra 45% da capacidade no Brasil. “No nosso caso, somos beneficiados pela
valorização do câmbio também na Argentina”, observa Alencar.
O frigorífico registrou prejuízo de R$ 114,5 milhões no primeiro trimestre do ano e aposta em um cenário mais
favorável para os próximos meses. “O que pesou foi o resultado do quarto trimestre de 2017, quando a empresa
estava no processo de integração e aceleramos o uso de capacidade nas unidades novas e no Brasil, o que gerou
uma queima de caixa muito grande”, afirma o diretor de relações com os investidores do figorífico, Eduardo
Puzziello.
Ele descarta novos movimentos de aquisição e diz que a meta agora é a desalavancagem. O Minerva adquiriu no
ano passado as operações do JBS na Argentina, Uruguai e Paraguai, e já atua na Colômbia. “Essa diversificação
permite que a empresa não fique refém de barreiras sanitárias ou questões climáticas, políticas ou de mercados”,
salienta.
Desde que a Rússia suspendeu as aquisições de carne bovina brasileira, no final de 2017, a companhia passou a
abastecer esse mercado via Argentina e Uruguai, por exemplo. “ Hoje, exportamos mais para a Rússia do que
quando o mercado brasileiro estava aberto”, acrescenta Alencar. Com informações do DCI.
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