A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) divulgou no último sábado (21) um cenário para o setor
agropecuário do impacto do Covid-19, a partir de um trabalho de acompanhamento que vem sendo feito desde o
dia 11 de março, quando a Organização Mundial de Saúde (OMS) decretou pandemia do novo coronavírus. Na
China, maior comprador dos produtos do setor, o escritório da CNA em Xangai não identificou interrupção de
importações de bens agropecuários. "Mas o cancelamento de rotas marítimas já resulta em atrasos no transporte
internacional", informa.
O escritório em Xangai apurou que comércio de grãos, óleos e alimentos registrou aumento de 9,7% entre os
meses de janeiro e fevereiro de 2020. Na União Europeia, ainda não há, conforme a entidade, impactos
expressivos no comércio com o Brasil. "Hoje as medidas restritivas estão muito mais focadas na redução da
movimentação de pessoas do que na circulação de mercadorias." Nos Estados Unidos também não se percebeu
nenhum impacto no comércio. "O governo norte-americano tem tomado medidas mais focadas na saúde das
pessoas e garantiu que a produção de alimentos não para."
Quanto à Arábia Saudita, as informações da CNA são de que houve aumento de demanda por fornecedores
brasileiros para suprir o mercado interno. "Exportadores brasileiros e importadores relatam atraso na liberação de
cargas no porto de Gidá. Aparentemente, o controle portuário está mais rígido."
A CNA lembra que os preços das principais commodities agrícolas, como soja, milho e café, caíram no mercado
internacional, mas os valores em reais não foram afetados devido à valorização do dólar. Para o setor
sucroenergético e o algodão, o impacto no preço veio do conflito entre Rússia e Arábia Saudita por causa do
petróleo, que derrubou os preços nestes setores.
Quanto às carnes, a entidade cita a queda dos preços da arroba do boi gordo no início da semana por pressão dos
frigoríficos, e depois pela fraca comercialização. "Com isso, a escala dos frigoríficos foi reduzida, forçando a
elevação dos preços na quinta e na sexta." Para os próximos dias, prevê mais pressão porque "os três maiores
frigoríficos anunciaram férias coletivas em alguma das suas unidades".
Já as plantas de aves e suínos informaram, conforme a CNA, que não vão interromper sua produção. "Mas a
queda no food service preocupa. As empresas já sentiram queda de 10 a 15% nos pedidos. Por outro lado, os
pedidos das redes de atacado e varejo aumentaram. Na parte da exportação, a falta de contêineres tem dificultado
as vendas de proteínas animais."
Quantas à demanda por frutas e hortaliças, a CNA diz que nos supermercados cresceu de 20% a 30% nos
primeiros dias de intensificação da pandemia. "A comercialização no varejo representa em torno de 53% das
movimentações desses produtos. Por outro lado, a procura em redes de fast food, bares e restaurante caiu
drasticamente. Com a ordem de fechamento em grandes cidades, espera-se que demanda recue a níveis nunca
vivenciados pelo setor."
Também preocupa a entidade o efeito da queda no consumo do food service na cadeia da aquicultura. "A
comercialização de camarão, por exemplo, teve queda de 80%, mas aumentou 20% nas vendas no varejo." Com
informações do Broadcast Agro.
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