O dólar operava em queda acentuada contra o real na manhã desta quarta-feira, estendendo as perdas
expressivas da véspera e ficando abaixo de 5,10 reais diante do otimismo em relação a uma recuperação
econômica global, com os investidores deixando de buscar proteção na moeda norte-americana.
Às 10:24, o dólar recuava 2,71%, a 5,0691 reais na venda, enquanto o principal contrato de dólar futuro tinha
queda de 2,73%, a 5,070 reais. Na mínima do dia, o dólar à vista foi a 5,0630 reais na venda.
A moeda norte-americana dava sequência ao movimento da última sessão, quando o dólar spot despencou 3,23%,
a 5,2104 reais na venda, maior desvalorização percentual diária desde junho de 2018.
Segundo Flávio Serrano, economista-chefe do banco Haintong, as oscilações desta quarta-feira refletem o
“movimento de redução da aversão a risco no mundo e no Brasil. Nos últimos dias os dados econômicos têm sido
positivos, com sinais de retomada das atividades no exterior”.
Há um sentimento de que o pior da crise possa ter passado, com tendência de melhoras na economia global daqui
para frente, completou Serrano.
Dados econômicos da China desta quarta-feira mostraram uma recuperação no setor de serviços em maio,
enquanto números da zona do euro indicaram que o pior da crise na União Europeia ficou para trás, o que
fortalecia as apostas numa retomada econômica nas principais potências mundiais.
Além disso, nos Estados Unidos, o setor privado fechou bem menos vagas de trabalho do que o esperado em
maio, com os empregadores demitindo outros 2,76 milhões de trabalhadores, contra expectativa de 9 milhões de
perdas de emprego.
O pregão era de dólar fraco no exterior, e peso mexicano e rand sul-africano, dois pares que tendem a acompanhar
o movimento do real, operavam em alta contra a moeda norte-americana.
Apesar da queda expressiva do dólar — que já perdeu muito terreno desde que ficou a poucos centavos de
superar 6 reais no mês passado —, analistas não descartam a possibilidade de volatilidade daqui para frente diante
das tensões políticas locais, entre o Executivo e o Judiciário, e nos EUA, em meio a protestos contra o racismo e a
violência policial.
O dólar ainda acumula alta de mais de 26% contra o real no ano de 2020, impulsionado por um cenário de juros
baixos e incertezas políticas e econômicas. Há algumas semanas, nesse contexto, a expectativa de boa parte dos
mercados era de que a divisa iria superar os 6 reais.
Agora, entre os analistas, uma recuperação definitiva do real é incerta. Para Flávio Serrano, a divisa está voltando
ao patamar em que deveria estar, mas citou a imprevisibilidade dos mercados, destacando riscos negativos como a
possibilidade de uma segunda onda de contaminações por Covid-19.
Neste pregão, o Banco Central realizará leilão para rolagem de até 12 mil contratos de swap tradicional com
vencimento em setembro de 2020 e fevereiro de 2021. Com informações da Reuters.
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