Numa só tacada, o governo Temer aplicou dois golpes duríssimos no agronegócio brasileiro: impôs normas
restritivas de acesso ao crédito rural de cooperativas e empresas integradoras e subiu o custo do combustível, que
impacta diretamente nos fretes. De acordo com a Consultoria Trigo & Farinhas, ambos afetam os custos de
produção de todos os produtos agropecuários.
“No esforço de fechar as suas contas e ao invés de aumentar diretamente os impostos, o governo está tentando
diminuir as suas despesas – e do lado errado, diga-se de passagem, cortando do agronegócio, que é produtivo e
aumentando os gastos públicos”, lamenta o analista sênior da T&F, Luiz Carlos Pacheco.
No setor agropecuário, o governo impôs restrições de acesso aos créditos rurais, agora limitados a R$ 600 milhões
por cooperativa neste ano, R$ 500 milhões em 2018 e R$ 400 milhões em 2019. Até este anúncio e durante os
últimos 40 anos, este crédito não tinha limites e os juros eram subsidiados entre 7% e 8% ao ano.
Além disso, os bancos só podem conceder a estas organizações do agronegócio 25% do seu limite de crédito. A
partir de agora, o que ultrapassar estes limites deverá ser tomado no mercado normal, a juros mínimos entre 10% e
11% a.a.
O segundo golpe ocorreu com o aumento do PIS/COFINS sobre os combustíveis, que causará um aumento de até
R$ 0,41/litro de combustível, afetando todas as etapas de custos agropecuários, desde a produção até toda a
logística de entregas, quer das matérias primas, quer dos produtos acabados. “Os fretes são a parte mais perversa
da comercialização de qualquer produto, porque aumentam o custo dos compradores e não aumentam a renda dos
vendedores (e, na maioria das vezes, nem a dos transportadores, porque os aumentos vão diretos para o governo
ou para a Petrobras)”, aponta Pacheco. Com informações do Agrolink.
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