Quadro mostra uma solução para manter o ritmo de desempenho dos animais fora do confinamento tradicional
A estiagem deste ano foi além do esperado e as chuvas ainda estão
longe do ideal para o período. Mas algumas alternativas podem ser
adotadas para manter o ritmo de ganho de peso no confinamento, quando as
chuvas chegarem com intensidade suficiente para a manutenção das
pastagens. Conheça o confinamento a pasto, no quadro Rebanho Gordo desta semana.
Pela aparência, não parece que as novilhas, fruto de cruzamento de
animais nelore com rubia galega, estão confinadas. Com idades entre 14 e
15 meses, o lote com 80 cabeças tem ganho de peso de aproximadamente
1,5 Kg por dia. Aos 18 meses, todas serão abatidas.
A
opção por essa estratégia, que o técnico em agropecuária João Henrique
Orfanelli chama de confinamento a pasto, foi a solução encontrada pela
fazenda Gamada, do município de Nova Canaã do Norte, em Mato Grosso,
para manter o ritmo de desempenho dos animais sem precisar colocar o gado no confinamento tradicional, durante o período de chuvas. Ainda teve economia em estrutura.
– Sai mais barato e a propriedade não precisa ter toda aquela
estrutura para engordar o boi no cocho. O investimento que você não fez
com estrutura de cocho, produção de volumoso, você tem essa alternativa
de suplementação – explica Orfanelli.
A proposta é simples: o gado come ração e capim, ao mesmo tempo.
O acesso ao pasto e ao cocho é livre. O segredo para não haver
desperdício de nenhuma das duas fontes de alimentação é ter um controle
rigoroso do consumo dos animais, com tudo anotado e calculado. Todos os
dias, antes de servir o alimento, é feita a leitura de cocho. Nem muito,
nem pouco. A quantidade ideal de sobra de ração corresponde ao nível
chamado de leitura 1, com menos de um quilo de comida. Esse volume
significa que os animais estão comendo dentro do programado para o peso
deles e o suficiente para manter o ganho esperado por dia. No
confinamento a pasto, cada animal come, diariamente, em torno de 6 Kg de
ração.
– Inicia com 0,5% e vai elevando essa proporção do peso. Ai vai a 1%;
1,2%; 1,3%; 1,4% até o animal se limitar no cocho. Aí que vem a
importância da leitura de cocho – ensina o técnico.
Na fazenda Gamada, o confinamento a pasto serve de apoio para o
confinamento tradicional, que tem capacidade reduzida, apenas para 500
animais. A propriedade tem parceria com uma rede de supermercados e
precisa manter a cota mensal de abates, mesmo no tempo da chuva. Para
evitar perdas de alimento e também reduzir problemas de casco, a solução
foi investir na cobertura dos cochos e o retorno foi maior que o
esperado.
Antes de cobrir toda a linha de cocho, foi feito um experimento para
saber se a sombra faria diferença no desempenho dos animais. Separou um
grupo de garrotes nelore contemporâneos em dois lotes, deixando um na
parte coberta e o outro na parte descoberta. O resultado, depois de três
meses com o gado recebendo o mesmo tipo de alimentação, foi um ganho de
peso em 100 gramas a mais por dia por animal que estava sob a
cobertura.
Essa diferença de ganho de peso, segundo o tecnólogo em Zootecnia Cleber Teixeira Lima, se deve ao conforto térmico que os animais têm enquanto se alimentam. O telhado se estende por dois metros para dentro do curral e cobre todo o pé de cocho.
– O desperdício é zero, além de fornecer ao animal uma condição de
conforto em relação ao cocho, mesmo no tempo não chuvoso, o que permite
ao animal se alimentar na sombra – esclarece Lima.
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