Os Estados Unidos oficializaram ontem a tão aguardada abertura de seu mercado à carne bovina in
natura do Brasil. A abertura, divulgada durante a visita da presidente Dilma Rousseff ao país, era
esperada pelos frigoríficos brasileiros desde o fim de 2013, quando os governos dos dois países
anunciaram acordo recíproco para acelerar a liberação do comércio de carne bovina in natura.
O início efetivo dos embarques, porém, só deve ocorrer a partir de agosto, disse ao Valor a secretária de
relações internacionais do Ministério da Agricultura, Tatiana Lipovetskaia Palermo. De acordo com a
secretária, as autoridades dos dois países trabalham com um cronograma que prevê que os americanos
realizem até agosto uma auditoria nos frigoríficos brasileiros que desejarem exportar para os EUA.
Antes disso, contudo, o Ministério da Agricultura brasileiro e seu congênere americano, o USDA, devem
concluir as negociações em torno de um certificado sanitário, documento no qual os frigoríficos brasileiros
atestarão o cumprimento de todas os padrões sanitários exigidos pelos EUA. Segundo ela, as
negociações em torno do certificado estão praticamente concluídas e devem ser anunciadas em até duas
semanas.
"A expectativa é receber uma missão de inspeção até agosto e já começar a exportar", afirmou a
secretária, que estava ontem em Washington acompanhando a visita da presidente Dilma Rousseff.
Segundo ela, assim que o certificado sanitário for concluído, os frigoríficos brasileiros poderão se
candidatar para serem auditados.
Pelos termos do acordo, Brasil poderá exportar carne bovina in natura aos EUA a partir de 14 Estados
(Bahia, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná,
Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Rondônia, São Paulo, Sergipe e Tocantins). O USDA também
autorizou as importação do produto do norte da Argentina.
Pelas projeções do Ministério da Agricultura, o Brasil poderá exportar anualmente 100 mil toneladas de
carne bovina para os EUA a partir de 2020. Neste ano, a expectativa é exportar de 15 mil toneladas a 20
mil toneladas, estimou o presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadora de Carnes
(Abiec), Antonio Jorge Camardelli.
Nesse cálculo, o dirigente considera iniciar os embarques em agosto. Se conseguir exportar pelo menos
15 mil toneladas, o Brasil obterá cerca de US$ 75 milhões, considerado um preço médio de US$ 5,1 mil
por tonelada. No ano passado, as exportações totais de carne bovina do Brasil renderam US$ 7,2 bilhões.
Num primeiro momento, o Brasil disputará um mercado potencial de 64,8 mil toneladas, volume da cota
que alguns países têm para exportar com um tarifa média de 4%. Na avaliação de Camardelli, os
frigoríficos brasileiros também poderão ser "competitivos" nas exportações "extracota", com tarifa média
de importação bem maior, de 26,4%. Em 2014, os americanos importaram cerca de 950 mil toneladas de
carne bovina, de acordo com o USDA.
Conforme o presidente da Abiec, a abertura do mercado americano,, ajuda a "equacionar" as vendas de
cortes do dianteiro bovino. "O Brasil será fornecedor de matériaprima para hambúrguer". Além disso, ele
também destacou o efeito positivo que a abertura do mercado americano pode ter nas negociações com
outros países, tais como México, Canadá e Japão. Por ser um dos mais exigentes, os americanos acabam
balizando decisões de outros países.
A secretária de relações internacionais do ministério Tatiana Palermo demonstrou otimismo com a
possibilidade de abrir o mercado do Japão para a carne bovina termoprocessada do Brasil ainda este
ano. Em paralelo, o país segue negociando a abertura do mercado de carne bovina in natura. Em troca, o
Brasil vai liberar a importação de carne de bovino wagyu (kobe beef). A ministra da Agricultura, Kátia
Abreu, visitará o Japão durante esta semana. Com informações do Valor.
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