A pecuária
de corte brasileira que vinha almejando, timidamente, desde início
da década de 1990, aumento da eficiência produtiva, passou,
nos últimos anos, a ter essa demanda exacerbada, especialmente,
como resultado das pressões impostas pela globalização
da economia. Nesse cenário, a competitividade tornou-se elemento
fundamental dessa atividade e, com ela, surgiu a necessidade de se disponibilizarem,
para o mercado consumidor, produtos que sejam de qualidade e apresentem
baixos custos.
Na esteira dessa transformação
alinham-se outras de grande importância para a cadeia produtiva da
carne bovina. Dentre essas podem-se ressaltar o envelhecimento da população
brasileira que, com a mudança no hábito alimentar, influenciará
o setor agrícola pela demanda de alimentos saudáveis; a transformação
na composição da força de trabalho familiar, com mulher
e filhos participando da manutenção da casa; a concorrência
com outras carnes e a mudança no comportamento dos consumidores
com crescimento da prática de refeições fora de casa.
Nesse contexto, a
importância da qualidade da carne produzida surge como fator preponderante
com reflexos diretos nos requerimentos de mão-de-obra de qualidade
em todos os segmentos da cadeia da carne bovina. Dessa forma, faz-se necessário
ressaltar que o uso de produtos que deixam resíduos na carne sofrerá
restrição cada vez mais intensa.
Ainda devem ser mencionados
a possibilidade de o Brasil, nos próximos anos, se fortalecer como
fornecedor mundial de carne bovina com reflexos positivos na captação
de divisas para o país; o potencial de incremento de consumo da
carne bovina no mercado interno; a possibilidade de a carne bovina se constituir
em um importante elemento no equilíbrio da balança comercial
brasileira, por sua inserção no mercado mundial; a abertura
do mercado brasileiro colocou o setor frente em uma competição
que para ser disputada requer mudança no conceito do produto final
e de estruturação da cadeia produtiva. Essa abertura foi
também responsável pelo início do estabelecimento
do conceito de qualidade.
Nesse aspecto, uma
exigência adicional que começa a se fazer presente está
relacionada com o sistema de produção que deve ser estruturado
de forma tal que resulte em menor risco ambiental. A tendência é
de que tal exigência se amplie e envolva toda a cadeia produtiva.
Nesse novo cenário,
outro aspecto de extrema importância, com influência direta
nos sistemas produtivos, é a sustentabilidade. A inserção
definitiva da bovinocultura de corte brasileira na economia mundial e o
seu fortalecimento interno, no próximo milênio, dependem da
capacidade de os sistemas de produção e os demais segmentos
da cadeia produtiva da carne bovina serem capazes de disponibilizar produtos
saudáveis; de utilizar, de forma conservadora, os recursos não-renováveis;
de garantir o bem-estar social; de aumentar a participação
no mercado externo e de contribuir para a melhoria da eqüidade social.
Assim, há necessidade
de se desenvolverem ações norteadas para a adequação
do trinômio genótipo-ambiente-mercado, visando ao estabelecimento
de um novo conceito para o setor. A atividade pecuária, especialmente
os sistemas de produção, se integra no contexto global da
cadeia produtiva e passa a produzir carne de qualidade, e não mais
boi gordo. Tais demandas, para serem atendidas, exigem a superação
de desafios de diferentes ordens, ou seja, requerem esforços nas
áreas de pesquisa (desenvolvimentos científico e tecnológico),
no âmbito político/desenvolvimento e, ainda, na área
mercadológica. Portanto, a solução desses problemas
requer um conjunto de ações estratégicas nessas áreas.
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