Do ponto de vista prático,
os bovinos possuem a capacidade de usar tanto proteínas naturais
(farelos, forragens etc.) como o nitrogênio não protéico,
ou NNP, existente na uréia + sulfato de amônio (85% de uréia
+ 15% de sulfato de amônio).
Entretanto para que isto
ocorra, é necessário que exista na dieta uma quantidade adequada
de carboidratos solúveis (energia).
Quanto mais uniforme for
a liberação de amônia (hidrólise do NNP) e a
de carbono (digestão dos carboidratos), maior vai ser a eficiência
de síntese microbiana e, conseqüentemente, desempenho animal.
Não havendo uma disponibilidade
adequada de carboidratos no momento da liberação da amônia
no rúmen, esta amônia não será incorporada à
massa microbiana, sendo então, absorvida do rúmen para dentro
da corrente sangüínea e, posteriormente, eliminada pela urina.
Este processo metabólico é indesejável, pois requer
o uso de energia que poderia, de outra forma, ser utilizada para a produção.
Um outro aspecto é
que se a liberação de amônia no rúmen ultrapassar
a capacidade de metabolização do animal (acima de 75 mg/100
ml de líquido ruminal), vão ocorrer problemas de intoxicação,
podendo inclusive levar o animal à morte. Portanto, a participação
do NNP na dieta é função do nível energético
da mesma.
Por exemplo, em animais alimentados
exclusivamente com grãos, a eficiência de utilização
do NNP pode chegar próximo a 100%. Já com dietas de baixa
qualidade, caso das pastagens na seca, esse nível de eficiência
cai para 20%. Isto precisa ser considerado no momento de se balancear uma
dieta e tomar decisões de quanto NNP poderá substituir a
demanda total de proteína.
Aparentemente, níveis
de substituição de até 40% da proteína natural
pelo NNP não afeta o consumo de pastagens na seca (Köster
et al., 1996). Entretanto, apenas com níveis de substituição
abaixo de 25%, desempenho animal serão aproximadamente similares
à suplementos sem uréia (Cochran et al.,
1998).
A forma mais simples e prática
de se suplementar NNP para animais em pastejo, seria através da
mistura mineral, considerando-se que após corrigida a deficiência
protéica, a presença de fósforo e outros minerais
se faz necessária para manter as funções metabólicas
normais.
O nível de NNP pode
alcançar até 50% da mistura mineral (Haddad,
1984). Entretanto, normalmente o consumo dessa mistura acaba sendo
muito baixo, devido à baixa palatabilidade do NNP ou aglutinação
e empedramento da mistura no cocho.
Por essa razão, surgiu
o sal protéico, que, além do NNP e mistura mineral na sua
composição, inclui também um farelo protéico.
Esse ingrediente, além de adicionar fontes extras de nutrientes
(proteína e energia), funciona também como palatabilizante.
O objetivo fundamental do
uso do sal protéico é suprir a deficiência de nitrogênio
das bactérias ruminais. Isto ocorrendo, vai haver um aumento no
consumo da pastagem e conseqüente maior ingestão de nutrientes,
revertendo uma situação de perda de peso para mantença
de peso. Abaixo é dado um exemplo dessa mistura:
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Farelo de soja |
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Uréia + Sulfato de amônio |
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Mistura mineral |
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Sal comum |
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Essa mistura tem um teor
de 58% de PB, com 40% de substituição do PDR por NNP. Consumo
diário por animal deveria ficar entre 300 g – 400 g. Ajustes podem
ser feitos variando a quantidade do sal comum. Admitindo um consumo diário
de 350 g, o custo por animal será igual a R$ 0,10. Uso durante a
estação seca (PB na pastagem abaixo de 7%). Desempenho animal:
mantença.
SAL PROTÉICO 2 - 200 g/dia
Podem ocorrer situações
em que não há resposta animal ao uso do sal protéico
1. Este seria o caso em que as pastagens, quando bem manejadas (carga animal
adequada), apresentam boa disponibilidade de massa no início da
seca. Isso permite que o animal em pastejo selecione uma dieta com mais
de 7% de PB.
Esta última situação
está de acordo com o conceito básico para o uso do sal protéico,
qual seja, respostas não serão obtidas quando as condições
qualitativa e de disponibilidade da pastagem, permitam ao animal manter
o peso vivo.
Para estas situações,
o uso do sal protéico 2, com um consumo um pouco acima do anterior
é recomendado. O objetivo seria alcançar ganhos de até
200 g/ani/dia.
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Milho moído |
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Farelo de soja |
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Uréia + Sulfato de amônio |
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Mistura mineral |
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Sal comum |
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Essa mistura tem um teor
de 40% de PB, com 20% de substituição do PDR por NNP. Consumo
diário por animal deveria ficar entre 500 g – 600 g. Ajustes podem
ser feitos variando a quantidade do sal comum. Admitindo um consumo diário
de 550 g, o custo por animal será igual a R$ 0,14. Uso durante a
estação seca.
Uma condição
extremamente importante para se iniciar o uso do sal protéico, é
que o pasto apresente massa suficiente para suportar todo o período
de suplementação, incluindo o provável aumento no
consumo deste pasto devido à suplementação.
Exemplos práticos
para o uso do sal protéico, seria o de manter as condições
corporais de novilhas e vacas de cria, ou peso de novilhos que serão
abatidos no início do próximo período de chuva. Não
é uma medida adequada para se alcançar ganho de peso, mas
sim mantença.
Em se pensando em custo,
lembrar que na época da seca, proteína é o nutriente
limitante e por esta razão, o uso do sal protéico normalmente
apresenta um maior retorno econômico, quando comparado à suplementação
protéica/energética (Wagner, 1989).
Este último suplemento é popularmente conhecido como Mistura
Múltipla;
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