A agricultura brasileira produziu este
ano 193 milhões e 600 mil toneladas de grãos, de acordo com os últimos
levantamentos do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa). Com todas
as dificuldades climáticas que prejudicaram as lavouras em diferentes
regiões do País no período de governo da presidenta Dilma Rousseff, a
produção de grãos entre as safras 2011/2012 e 2013/2014 cresceu à taxa
de 9% ao ano.
Na safra 2014/2015 provavelmente
deveremos ultrapassar 200 milhões de toneladas. O campo brasileiro
estará produzindo 1 tonelada de grãos e criando um bovino por habitante,
sem praticamente ter aumentado a área explorada e utilizando apenas 15%
ou 16% de sua força de trabalho.
O desenvolvimento da nossa agricultura é
um exemplo claro de que, quando os governos reduzem a sua intervenção
no sistema de preços e apoiam o setor privado com bons programas de
pesquisa, como os da Embrapa, e com bons programas de crédito e
assistência técnica eficiente, como nos últimos Planos de Safra, os
produtores respondem aos estímulos, ao contrário do que acreditam alguns
altruístas amadores que infestam a burocracia agrária que atrapalha a
administração em várias partes do Brasil.
É importante mostrar que esse imenso
progresso tem sido feito com respeito às terras indígenas (584 reservas,
que ocupam cerca de 14% do território nacional) e à conservação do meio
ambiente (1.098 unidades, ocupando em torno de 17% do território).
Quando se descontam algumas coincidências entre os dois conjuntos,
chega-se a 247 milhões de hectares, ou seja, 29% do território nacional,
sem levar em conta a legislação ambiental que atinge a atividade
agrícola privada! Numa imperdível entrevista na Agroanalysis, o doutor
Evaristo Miranda, da Embrapa, referiu-se ao registro da International
Union for Conservation of Nature (IUCN), segundo o qual “os 11 países
com mais de 2 milhões de quilômetros quadrados existentes no mundo –
China, EUA, Rússia etc. (tirando o Brasil) – dedicam apenas 9%, em
média, dos seus territórios às áreas protegidas”.
A compreensão da evidente necessidade de
recuperar as nossas imensas áreas degradadas está estimulando a
Embrapa, a Academia e o setor privado a desenvolverem novas técnicas de
manejo agrícola que integram a lavoura, a pecuária e a exploração
florestal numa estratégia (chamada de iLPF) que vem respondendo muito
bem em pequenos experimentos. Tem grande probabilidade de produzir uma
verdadeira revolução na estrutura agrícola.
É preciso reconhecer que tudo isso não
aconteceu por acaso nem caiu do céu. A despeito da enorme confusão de
comando do setor agrícola (quatro ministérios e mais Funai, Incra, Ibama
etc.), o governo Dilma tem mantido o foco dos seus bons Planos de
Safra. Eles avançaram em assistência ao setor privado e vêm sendo
aperfeiçoados a cada ano. O Plano de Safra de 2013/2014 foi muito bem
recebido pelos agricultores por suas inovações, que revelaram a
sensibilidade do governo com relação aos seus problemas logísticos. Todo
o crédito programado foi tomado. O novo e excelente Plano de Safra para
2014/2015 prevê uma ampliação do crédito de custeio e de investimento
de quase 15%, com um pequeno aumento da taxa de juro nominal, mas com as
taxas de juro reais continuando muito próximas de zero.
Um ponto notável é que pela primeira vez
se incluem as florestas plantadas, o que, além de estimular os
investimentos num setor muito promissor para as exportações, talvez seja
uma resposta às promessas contidas na estratégia de integração
lavoura-pecuária-floresta referida acima. Não menos importante é o
progresso do seguro rural, que responde ao mais importante problema da
agricultura: as incertezas da meteorologia. Dadas as dificuldades e seu
alto custo, o progresso tem sido lento, mas seu orçamento no governo
Dilma aumentou 31% ao ano (de 238 milhões de reais em 2010 para 700
milhões em 2014).
O governo se esforça para diminuir ainda
mais as “incertezas” da atividade agrícola, com o Decreto nº 8.235, que
regulamenta o Cadastro Ambiental Rural: nele, os proprietários devem
declarar informações minuciosas, de modo a ficar visível eventual
“déficit” ou “superávit” ambiental com relação ao exigido pelo Código
Florestal de 2012.
Fonte: Carta Capital
Nenhum comentário:
Postar um comentário