domingo, 21 de fevereiro de 2016

Frigoríficos investem com mudança na Argentina

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O fim da tarifa cobrada pela Argentina nas exportações de carne bovina caiu como uma luva para a JBS. Maior frigorífico instalado no país, a empresa brasileira já havia investido US$ 50 milhões nos últimos dois anos para elevar a capacidade de abate na Argentina. Agora, sem as restrições, prevê não apenas atingir já em 2016 a plena capacidade do abatedouro ampliado, mas também reabrir gradualmente as plantas fechadas. "Nos antecipamos ao que aconteceu, melhorando a produtividade com a concentração dos abates em uma planta só", disse ao Valor o presidente da JBS Mercosul, Miguel Gularte. Durante o período de restrições, a JBS fechou quatro unidades no país, mantendo operações apenas na planta de Rosário, na Província de Santa Fé. É a partir dessa unidade que a empresa pretende ampliar sua produção na Argentina. De acordo com Gustavo Kahl, executivo que comanda as operações da JBS na Argentina, o frigorífico de Rosário vai aumentar o nível de abates diários em quase 70% até o fim deste ano, dos atuais 1,3 mil bovinos para 2,2 mil. Neste ano, as exportações totais do país deverão crescer 50%, estimou Kahl. Uma vez atingida a meta, a JBS trabalhará na reabertura dos outros quatro frigoríficos, possivelmente em 2017. O cronograma da empresa para a ampliação de abates está vinculado à adaptação da pecuária argentina ao momento mais favorável, explicou Kahl. Conforme o executivo, a recuperação da produção de carne do país se dará em duas etapas. Segundo ele, no curto prazo os pecuaristas argentinos precisam aumentar o peso médio dos bovinos abatidos. A questão é que o mercado local argentino e o mercado externo preferem perfis diferentes de boi. "Como o animal era para o mercado interno, ele tinha peso de 300 a 340 quilos", disse. Nas exportações, porém, os bovinos preferidos têm mais de 500 quilos. Na avaliação de Kahl, esse processo não é complexo e deverá ser solucionado até 2017, lastreando o expansão da JBS no país. A segunda etapa, de mais longo prazo (ver texto ao lado), envolve a recomposição do rebanho. Na avaliação do executivo, esse processo deverá, ao todo, levar quatro anos. Apesar do evidente foco nas exportações ­ especialmente porque o câmbio deixou de ser fixo ­, a JBS sustenta que o mercado doméstico continuará a ser relevante. Segundo Kahl, o período de restrições imposto pelo governo também serviu como um aprendizado do mercado local. "Não queremos abandonar tudo o que aprendemos", acrescentou Gularte. Segundo ele, há dez anos, a JBS exportava 80% da produção. Hoje, quase 85% fica no mercado local. Também presente na Argentina, a brasileira Marfrig decidiu trilhar um caminho oposto ao da JBS. A empresa já anunciou que seus ativos no país estão à venda. A avaliação é que a necessária recomposição do rebanho argentino ainda levará anos. Como tem outras prioridades financeiras ­ redução das dívidas ­, a companhia decidiu não aguardar. Por outro lado, a Minerva pretende entrar na Argentina neste ano. A empresa ainda não definiu o alvo, mas quer prospectar negócios logo que concluir o processo de aumento de capital, em março. Com informações do Valor.

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