A alta nos preços do milho e a expectativa de uma safra menor do grão devem provocar queda de 11% a 15% na
intenção de confinamento de bovinos neste ano no país. A projeção foi feita a partir de levantamento com
pecuaristas durante o Rally da Pecuária 2016. Caso confirmada, a perspectiva é de redução de 580 mil cabeças,
o que implicaria numa queda de 5,2 milhões para 4,6 milhões de cabeças no volume total de animais terminado
no cocho no Brasil.
Produtores entrevistados durante o Rally da Pecuária afirmaram que haverá mudanças na estratégia de
suplementação dos animais, com redução do pacote nutricional. “Com isso, a tendência é de que o produtor
entregue uma menor quantidade de animais, represando parte da oferta para 2017. Mesmo os que terminarem
em 2016, a projeção é de redução no peso médio de abate e consequentemente piora na qualidade de
terminação. O impacto na receita das propriedades é direto” explica Maurício Palma Nogueira, coordenador
técnico do Rally da Pecuária.
Apesar do cenário de redução na oferta de carne cada vez mais evidente, o consultor lembra que a definição de
preços dependerá também da demanda do mercado, tanto para exportações como para o consumo interno.
“Mesmo que os produtores abatam a quantidade de animais próxima do que era esperado, o rendimento de
carcaça por animais abatidos será menor que em 2015”, completa Nogueira.
Segundo André Pessôa, sócio diretor da Agroconsult, realizadora do Rally da Pecuária, o mercado do milho só
deverá se estabilizar no segundo semestre de 2017, quando a oferta se reequilibrar e os preços recuarem. Para
Pessôa, a exportação aquecida do milho é a principal responsável pela alta de mais de 40% dos preços no
mercado interno.
Os técnicos do Rally da Pecuária apuraram também que 15% a 20% dos pecuaristas, que trabalham com o maior
nível de produtividade no público avaliado pela expedição, serão responsáveis por 45% a 50% da oferta de
animais em 2016. O comportamento indica que os preços pagos no mercado tendem a se ajustar aos produtores
de maior nível tecnológico, com maior capacidade de resposta.
Com relação às pastagens, o Rally confirmou que 3% dos pastos visitados estão degradados e 9% em estágio
avançado de degradação, índice semelhante ao observado nas edições anteriores. A diferença entre os pastos
degradados e em estágio avançado de degradação reside na possibilidade de recuperação. Enquanto no
primeiro caso a única alternativa é a reforma completa da área, com replantio do capim, no segundo caso há a
possibilidade de recuperar o capim existente, revertendo o processo de degradação e evitando que a área
chegue ao estágio final. “A principal vantagem da recuperação é o custo menor, cerca de 50% a 60% do valor da
reforma. As vantagens econômicas e ambientais da recuperação são incontestáveis”, reforça Maurício Nogueira,
da Agroconsult.
Esta foi a edição do Rally da Pecuária com maior público já registrado. Mais de 1.000 questionários foram
respondidos por produtores e outros 700 por técnicos. A expedição aconteceu entre os dias 11 de abril e 10 de
junho, com sete equipes técnicas que visitaram 11 estados, Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo, Minas Gerais,
Goiás, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Tocantins, Pará, Rondônia e Acre.
No total, foram percorridos cerca de 63 mil quilômetros, com a realização de 13 eventos regionais que discutiram
tendências de mercado, cenários e iniciativas para aumentar a rentabilidade na pecuária, em tópicos como
sanidade, nutrição, controle de invasoras, índices zootécnicos (reprodução), garantia da fertilidade do solo,
qualidade das pastagens, estratégias de hedge, confinamento etc.
O Rally é planejado para percorrer regiões com a maior densidade de bovinos, de acordo com dados do IBGE e
com imagens geradas pela Agrosatélite, empresa do grupo Agroconsult. Os estados visitados respondem por
mais de 83% do rebanho bovino e 90% da produção nacional de carne.
No campo, a expedição técnica conduziu entrevistas qualitativas e quantitativas com produtores para levantar,
entre outros dados, áreas de pastagem e de agricultura em cada propriedade, total de cabeças de gado,
estratégias nutricionais, confinamento, índices de fertilidade, natalidade e mortalidade, manejo da sanidade do
rebanho, uso de insumos tecnológicos nas pastagens (defensivos, corretivos e fertilizantes) e comercialização de
animais, realizando levantamento completo, in loco, das áreas de cria, recria, engorda e confinamento. Com
informações do Diário de Cuiabá.
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