Especialista da Embrapa Gado de Corte dá dicas para o produtor fazer um plantio de qualidade
Foto:Josimar Lima
A escolha certa da forrageira pode garantir uma boa formação
É época de formar pasto e o produtor tem até meados do mês de janeiro
para plantar, passando desse período corre-se o risco de não se obter um
bom estabelecimento da pastagem.
Quem está pensando em formar pasto tem que, primeiro, escolher a
espécie forrageira. E que tal escolher um capim que o boi gosta de
comer? Existem várias opções e sugestões. Em segundo lugar, o produtor
deve preparar bem o solo, cuidar a semeadura e do primeiro pastejo –
para garantir uma boa formação do pasto. Segundo Haroldo Queiroz,
zootecnista da Embrapa Gado de Corte, algumas situações levam ao
estabelecimento do pasto, como: abertura de áreas novas, áreas de
integração lavoura-pecuária, substituição de espécies e recuperação de
áreas degradadas.
Escolher a espécie é uma etapa importante e depende do objetivo do
sistema de produção, do quanto o produtor pode investir e da mão de obra
disponível. O clima da região é outro ponto importante que se deve
levar em conta, bem como a qualidade do solo e como será utilizada a
forrageira; se é para pastejo, silagem, fenação ou vedação escalonada e,
ainda, que categoria animal utilizará o alimento.
Escolher o capim que o boi gosta de comer
Os bovinos preferem forrageiras com muitas folhas e poucos colmos. São
as folhas que alimentam e engordam o boi. As forrageiras mais apreciadas
por estes animais são a paiaguás, a piatã e a marandu. Em seguida a
decumbens, a humidícola e a xaraés. Esta última, apesar de possuir
muitas qualidades, os bovinos não gostam muito porque seus colmos são
mais duros que as outras braquiárias, informa a pesquisadora Valéria
Pacheco Euclides, da Embrapa Gado de Corte.
Da família dos panicuns, que inclui os capins Mombaça, Massai, Zuri e o
Tanzânia, este último é mais aceito pelos animais, apesar de seus
colmos serem mais grossos que do capim-massai, ela é menos fibrosa, por
isso a preferência pelo Tanzânia. A planta apresenta boa proporção de
folhas, com altos conteúdos de proteína e digestibilidade proporcionando
ótimos ganhos de peso por animal. É uma cultivar para solos muito
férteis e apresenta alta capacidade de suporte. Outra vantagem do
Tanzânia é a facilidade de maneja-la, além de apresentar boa produção de
sementes e resistência a cigarrinha-das-pastagens.
Os animais são muito seletivos e avaliam os alimentos. "Quanto mais grosso o colmo mais difícil de arrancar e mastigar", explica a pesquisadora Valéria que acrescenta: "o instinto do animal é pegar o que é mais fácil e o que enche mais a boca, a chamada bocada".
Os animais são muito seletivos e avaliam os alimentos. "Quanto mais grosso o colmo mais difícil de arrancar e mastigar", explica a pesquisadora Valéria que acrescenta: "o instinto do animal é pegar o que é mais fácil e o que enche mais a boca, a chamada bocada".
Já as plantas leguminosas tropicais, como o calopogônio, centrosema,
arachis, guandu e outras, não são as preferidas dos bovinos e a
explicação é porque elas apresentam uma substância chamada tanino que
dão a percepção de secura e adstringência na língua e no palato. É a
sensação de boca amarrada quando se come banana verde. As leguminosas
apresentam taninos em maior ou menor grau o que interfere na
palatabilidade dos animais fazendo com que eles comam menos a planta.
Algumas delas os animais aceitam bem, como o estilosantes Campo Grande, e
outras, os animais aceitam somente no período seco. Em pastagens
consorciadas os animais preferem a gramínea ao invés da leguminosa,
apontam as pesquisas.
Preparo do Solo
Depois de escolher a forrageira vem a etapa do solo que deve ser bem
preparado para receber a semente de pastagem. O solo tem que ser
protegido contra erosão, a vegetação indesejada deve ser retirada e se
fazer uma análise de solo para determinar o uso de corretivos. Deve-se
também controlar os insetos e pragas, promover a distribuição do
calcário e do fósforo, arar, gradear, distribuir potássio e nitrogênio,
fazer uma gradagem niveladora e cuidar a umidade do solo.
Semeadura
A semente a ser utilizada deve ser de qualidade – saudável, vigorosa e
livre de contaminação por impurezas, nematoides e sementes indesejadas,
recomenda Haroldo Queiroz. Segundo ele, as sementes devem ser plantadas
de três a cinco centímetros de profundidade. Dependendo do caso as
sementes podem ser plantadas a lanço, em sulcos ou plantio direto.
Primeiro pastejo depois de 40 dias
Haroldo explica que a finalidade do primeiro pastejo é diminuir a
competição eliminando o excesso de plantas da área. É também de
proporcionar uma cobertura de solo mais rápida, e que antecipando a
utilização da forragem, os animais aproveitam melhor o alto valor
nutritivo do pasto resultando uma boa produção animal por área, além de
evitar o acamamento da forrageira.
Quanto aos cuidados no primeiro pastejo o zootecnista ensina: "a área
deve receber animais depois de 40 a 75 dias após a germinação da
forrageira – assim que a planta atingir 75% da altura superior indicada
para o manejo do capim. Só entrar com animais leves para diminuir o
arranquio de plantas e evitar a compactação do solo".
O sucesso de uma boa formação de pastagens depende da escolha certa da
espécie forrageira, de uma adequada utilização, de usar sementes de boa
qualidade, ser bem semeada e na quantidade certa, o que varia de uma
espécie para outra. Tudo isso e um manejo adequado assegura ao produtor
retorno econômico e longevidade da pastagem.
Fonte: Embrapa Gado de Corte
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